Um dos maiores encontros da política brasileira deu-se nos sertões nordestinos. E reuniu um padre místico do Nordeste e um mito da bandidagem nordestina. Padre Cícero e Lampião. Diz-se que o encontro fora arquitetado por Floro Bartolomeu, um político local muito próximo a Padre Cícero e muito influente na capital da República. O encontro objetivava atender interesses tanto do padre Cícero Romão Batista quanto de Virgulino Ferreira, o Lampião. Ao padre interessava cooptar o bando de Lampião para combater a Coluna Prestes que se dirigia ao Nordeste e se especulava a sua passagem por Crato e Juazeiro (região de atuação política do padre) ; e a Virgulino interessava o "perdão" do Exército que deixaria de persegui-lo pela caatinga e também pelo título de Capitão tão ambicionado por Lampião. Ocorre que, entre o acerto do encontro a a realização dele, Floro Bartolomeu veio a falecer e o encontro deveria ser cancelado posto que seria Floro o garantidor dos compromissos do padre junto ao exército, porém, não conseguiram avisar o bando de Lampião. Assim, o encontro se deu entre um padre receoso e um justiceiro cheio de ambição. Conta-se que,como não havia ninguém nos arredores para testemunhar o encontro, Padre Cícero mandou chamar um funcionário público do Governo Federal (um agrimensor ou algo assim) para lavrar a ata concedendo a Lampião o título de "Capitão". Título aliás que Lampião fez questão de sustentar até a morte, Capitão Virgulino Ferreira. Mais tarde, este funcionário foi chamado a se justificar com que autoridade ele concedia a patente de Capitão a Lampião. O homem, sem demora, saiu como uma resposta mais ou menos assim: "De um lado Padre Cícero mandando, do outro Lampião querendo; meu filho, naquela hora eu assinava até a destituição do Presidente da República."
Esta passagem e muitas outras da vida de padre Cícero podem ser lidas no livro "PADRE CÍCERO - PODER, FÉ E GUERRA NO SERTÃO", de Lira Neto (Companhia das Letras, 557 páginas)
quinta-feira, 6 de maio de 2010
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